sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Poderia ter virado à esquerda e escolhido suco de laranja.
Poderia ter comprado um carro azul e ter pintado as unhas de laranja.
Poderia ter escolhido praia ao invés de campo e inverno ao invés de verão.
Poderia ter estudado mais e também festejado mais.
Poderia ter namorado os loiros e deixado os morenos pra depois.
Poderia ter feito mais uma tatuagem e tomado mais sorvete de caju.
Poderia ter nascido na França ou fugido pra lá.
Poderia não ter me viciado em chocolates mas sim em alface.
Poderia gostar de música eletrônica ou ter virado evangélica.
Poderia ter aprendido a tocar algum instrumento ou quem sabe ser mãe?
Poderia ter lido mais livros e ouvido mais meus pais.
Poderia ter tirado mais fotos e feito mais amigos.
Poderia ter viajado mais, dançado mais, bebido mais...
Poderia ter sido e feito infinitas coisas.
Mas perdi tempo e vida tentando provar que o melhor era ser eu mesma.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

É amor...

...o cheiro amargo das amendoas a fazia lembrar do amor contrariado...
Se dispusera a fazer verão só para ve-lo sorrir...
Pintou mundos, fundos e uma história de amor - só sua - dentro da própria mente. E acreditava que pudesse ser real.
Quisera passar o terno abarrotado para que ele voltasse a usar...
Assim como quisera varrer a varanda, regar o jardim, plantar violetas e jasmins...
Era amor, ela jurava para si.
Poderia passar dias e noites, mesmo que com chuva, parada num mesmo lugar sem nem mesmo respirar...desde que pudesse ve-lo, mesmo que distante.
Convenceria pássaros à acorda-lo todas as manhãs, fazendo o despertador perder na cômoda o lugar para um belo porta retrato.
Iventaria músicas, melodias, poesias...faria inverno qdo o frio fizesse falta.
Se dispusera a costurar as meias de lã, retornar ao divã, comprar camisetas de todos os times de futebol.
Era amor, ela jurava para si.
Quisera espera-lo na copa todas as manhãs, com waffles e bolo de fubá.
Quisera ao menos uma vez apoiar sua cabeça naqueles ombros tão amados. Queria senti-lo protetor.
Se dispusera a tornar real. Fazer e acontecer.
Mas, antes que começasse seu discurso decorado ou que mostrasse seu poder de trazer chuva e sol tinha que criar coragem e bater naquela porta. Porta do seu futuro lar.
Vestiu seu melhor sorriso. Encheu-se de valentia, ventania e poesia...
A campainha tocou...
E seu melhor sorriso num instante tornou-se seu pior pano de chão.
"- Meu marido saiu para trabalhar, mas posso te ajudar em algo?" Disse a simpática moça que a atendeu.
O sangue voltou a irrigar a carne, como se nada tivesse acontecido.
Correu de volta para casa. Enquanto o coração parecia simplesmente não bater.
Provou a si mesma que era capaz de fazer verão só para ve-lo sorrir. Deitou na varanda varrida e sob o brilho dos planetas tentou se convencer de que seria capaz até de faze-los mudarem de lugar.
É amor...jurava e chorava...