quinta-feira, 29 de julho de 2010

Chorar já não adianta mais.
Chegou o grande dia. Aceitar. Erguer a cabeça, encarar o mundo de frente e trilhar o caminho que escolheu.
Voltar atrás? Tarde demais.
Enxugue as lágrimas. Sofra até cansar. Deixe que o sangue escorra pelo seu corpo. Sinta o cheiro e a dor do arrependimento. Não olhe para trás, não olhe para mim...
Não perca tempo fitando os próprios pés.
Não sabe o que fazer? Que pena!
Escolha por onde achar que a dor será menor. E vá. Vá sem pensar. Sinta o vento bater em seu rosto. Sinta de perto as consequencias de tudo aquilo que fez.
Trema. Mas não me deixe perceber seu medo. Não dê o braço a torcer, ora, cadê aquele orgulho todo?
Os tornozelos irão cansar em breve, eu sei. Andar com essas bolas de ferro presas aos próprios pés não é tarefa fácil. Mas, não demonstre o cansaço. Enxugue o suor fingindo que vai apenas coçar a testa. Não vale mancar.
Vá.
Não olhe para trás. Não olhe para mim.
Vá e sofra exatamente por tudo que me fez sofrer. Se afogue em lágrimas e se queime no fogo que te esquenta. Se estrangule com as próprias mãos que um dia usou para me acariciar.
Vá, meu bem. Assuma o erro e a culpa. E se conseguir chegar ao final do circuito torça para não ter enlouquecido tanto quanto eu.

terça-feira, 27 de julho de 2010

Quisera acreditar nas pessoas, na vida e no amor. Quisera acreditar que ainda há tempo pra recomeçar e amar. Quisera tentar enxergar a vida pelos olhos de uma criança qualquer. Quisera ser uma super heroína capaz de entender e ajudar o mundo. Quisera ter um jardim florido e um cãozinho no quintal. Quisera ir ao cinema. Quisera ter amigos e namorados. Quisera ser feliz e almoçar com seus pais aos domingos. Quisera um vídeo game e um computador. Quisera aquele novo cd de rock e a última revista que saiu. Quisera se maquiar e sair pra dançar. Quisera dirigir na estrada apreciando a paisagem e sentindo o cheiro de mato. Quisera assistir tv nos domingos de chuva comendo brigadeiro na panela juntinho do seu amor. Quisera ter um blog. Quisera saber desenhar, e porque não cantar? Quisera ser pop star. Quisera prever o futuro. Quisera saber de cór todos os signos do Zodíaco. Quisera ter um bom texto. Quisera brincar com bolhas de sabão. Quisera andar de patins e comer sanduíche todos os dias. Quisera viver num mundo de paz. Quisera estudar, se formar e trabalhar...
...quisera, antes e acima de qualquer coisa, sair do coma...

segunda-feira, 26 de julho de 2010

A palavra que fere a alma e o coração
Magoa
Faz doer
Fazer sangrar
Faz chorar
Te faz querer mudar
Saltar pro lado de lá
E acreditar
...que pode adiantar
Sem se desesperar
Ou surtar
Te faz enxergar
Que a vida pode melhorar
E você pode continuar
A amar
Todas as vezes que alguma palavra te magoar.

domingo, 25 de julho de 2010

As pálpebras pesadas já não conseguem se manter abertas. Preciso dormir.

Os dias têm passado, massantes. Não posso mais.

Não sinto mais o cabelo balançar quando o vento passa, o sol matinal não alegra e a fome esvai-se a cada cigarro.

Preciso fugir, fingir, partir. Partir.

O tilintar do orvalho torna o coração ainda mais frio. A história podia ser outra.

Os sonhos feitos, desfeitos, refeitos e, por fim, jogados pela janela já não me apetecem. Intrigam.

Quisera saber o que está por vir ao final disso tudo. Ouço Renato, baixinho de dar dó, sem saber de onde vem. "É preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã".

Choro.

Amei. Como se não houvesse nem mesmo hoje. Como se o mundo fosse acabar nos próximos 3 minutos, mas, de nada adiantou.

Passos tortos, escolhas erradas. Não sei onde est(ou)ava com a cabeça e menos ainda sei como fazer para voltar pelo mesmo caminho que me trouxe até aqui.

Gritar, chorar e sofrer já não me bastam. Preciso fugir, fingir, partir.

Quero voltar a fita e tentar outra vez.

sábado, 24 de julho de 2010

Palavra do dia: Viver

Viver

Benzer - para ficar bem
Fazer - valer a pena
Tecer - a colcha da paz
Saber - escolher
Caber - no coração
Agradecer - à Deus
Fortalecer - a alma
Aparecer - a verdade
Merecer - o melhor
Esquecer - a dor
Prender - a maldade do mundo
Poder - ser feliz
Estender - a mão
Mexer - apenas no necessário
Prazer - em viver
Dizer - com honestidade
Rever - os conceitos
Suspender - a tristeza
Nascer - de novo
Entender - o outro
Absorver - o bem
Rever - os amigos
Querer - felicidade
Viver, Satisfazer, Prometer, Chover, Independer...
Viver, Viver, Temer, Bem-dizer, Socorrer...
Viver, Viver, Viver, Esconder, Reler...
Viver, Viver, Viver, Viver, Fortalecer...
Viver, Viver, Viver, Viver, VIVER...

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Queria gritar mas lhe faltara a voz.
Os pés pisavam com calma, o chão escuro, para não tropeçar nem fazer barulho. O breu causava desconforto ao coração calejado.
Era uma menina arguta que guardava embaixo do travesseiro todas as perguntas do mundo. E tinha ousadia suficiente para fazer aquelas que nunca ninguém fazia.
O vento batia sem se deixar perceber de onde vinha. Com os olhos vendados a menina tateava as paredes afim de encontrar algo, talvez a si própria.
Era uma menina arguta. Não se deixava abater pelo gosto de fel que descia pela garganta toda noite de lua cheia.
A casa era fincada na mais robusta árvore do jardim.
Sobre galhos firmes e frondosos se escondia num quarto-sala, a pequena menina. Que apesar de arguta tinha medo da morte e da solidão, por isso, todos os dias se reinventava. Criava personagens e sonhos descartáveis que só valiam até o dia seguinte. Mentia amigos e desejos, mentia a vida, para si mesma. Queria viver aquilo que criava. Mentia. Na vã tentativa de se auto-enganar.
Perguntava às nuvens o porque de andarem tão depressa em dias de céu azul. E perguntava ao céu azul porque deixava tão belas nuvens passarem correndo.
Ela acreditava que o cavalo da sorte só passaria uma vez em sua frente e não pretendia deixa-lo passar como as nuvens passavam pelo céu. Iria agarra-lo sem pestanejar, e investiria nele todas as suas fichas - até mesmo as grandes e douradas moedas de chocolate.
Era uma menina arguta que se reinventava a cada dia. E só sonhava ser feliz.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Tô pensando em fugir. Sorrir, fingir, cair...sacodir a poeira e dar a volta por cima.
Tô pensando em uma forma de desembalar meus sonhos - que foram carinhosamente embalados em sacos de lixo. Para ver se algum deles ainda compensa ou se foram todos vendidos e esquecidos como tantas outras coisas.
Preciso de uma estante maior, ou, de uma lixeira maior. Apesar de desfeitos meus sonhos merecem um lugar para repousar. E andam tão espremidinhos nesses sacos pretos...
Pensando melhor, eu só queria mesmo é um cesto grande para abrigar todos esses frutos podres que venho colhendo. Frutos de minhas próprias escolhas, sempre erradas.
Frutos que não param de brotar. Que cheiram mal e me tiram o sono por não saber onde deixa-los. Por não saber ao certo o que fazer com eles, ou o que fazer comigo.
É difícil pensar em voltar atrás sem saber onde começa a estrada da volta.
Mais difícil ainda voltar atrás sem sujar o próprio sapato com a terra da plantação que até pouco tempo fazia tanto sentido...rendia tantos e tantos frutos da melhor qualidade.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

De repente se fez noite dentro de mim.
O medo, a saudade, a dor, a chuva molhada que sai dos olhos e do coração lava o rosto e a calçada.
As vozes que ouço já não se entendem mais. Brigam entre si todo o tempo e isso me deixa louca. Músicas, textos, fotografias. Nada mais faz sentido, nada traz inspiração ou lembranças.
Lembranças de um passado que parece não existir. De pessoas que já não me lembro em lugares que não sei se estive.
Tudo perdeu o foco e a cor. Já não enxergo mais. A imagem no espelho não me passa familiaridade. Não lembro meu nome.
Um monstro azul, amarelo e cinza passa por mim. Mas, com agilidade me escondo atrás da porta. Ufa! Ele não me viu.
Sento no chão e choro. Choro por não saber. Choro por não querer e principalmente por sentir saudades de algo que não me lembro.
O monstro volta. Dessa vez ele me viu. "Não me morde, não me morde". Ele está cheirando minhas pernas. "Vou fingir de estátua". Ele tenta me empurrar. Faz barulhos estranhos. Se aproxima. Abre a boca. E lá se vai parte do meu braço.
Agora choro mais do que nunca. Misto de tristeza e dor.
De repente se fez noite dentro de mim.
"Seu monstro, por favor, da próxima vez vê se me leva o coração".

terça-feira, 20 de julho de 2010

Parece que foi ontem. Um bar. Uma cerveja. Três desconhecidos. Enfeites japoneses que mais pareciam carnavalescos gritavam por todos os lados com suas cores berrantes.
E naquele dia Deus foi bom comigo.
Obrigada MEU AMIGO por ter me dado abrigo. Por ter aparecido e estendido a mão.
Obrigada MEU AMIGO por ser tão bom comigo. Por ter me ensinado a enxergar o mundo, por chorar e sorrir sempre que se faz preciso.
Obrigada por tocar em minhas feridas de maneira sutil.
Por levar a dor para tão longe sempre que ela cisma em aparecer para atormentar o coração.
Por ter o olhar sincero, desses que a gente não costuma ver pelas ruas.
Pelo coração gigante que só você tem.
Por me acordar nas viagens mentindo as horas.
Pelo bom humor.
Obrigada por ter ficado na minha vida e ter tornado meus dias mais felizes.
Por mostrar o outro lado da moeda.
Por me fazer acreditar.
Por torcer por mim.
Por mostar que sempre vale a pena.
Obrigada por cada foto.
Por cada lembrança boa.
Por cada passeio.
Por todas as tardes e noites de narguile e cerveja.
Por tudo...
O aniversário pode até ser seu...mas, tenho certeza de que o presente é meu.
Presente que não tem preço nem explicação.
Que o dia de hoje seja apenas mais um.
Regado à telefonemas, presentes, surpresas e brigadeiro.
Que o dia de hoje seja o início de um ciclo doce e feliz...sem fim!!!
Quisera te dar um abraço e poder traduzir tudo que te desejo e tudo que você representa pra mim.
Muita paz, amor, saúde, sucesso, conquistas, $$, felicidades mil!!!
Que nunca faltem sorrisos nas suas manhãs, anjos nas suas nuvens nem fotografias na sua estante.
Que haja sempre um motivo para comemorar.
Que a vitória esteja sempre presente e que a paz esteja sempre com você.
Te amo, de coração...e vou estar sempre aqui...

Partiu e não olhou para trás. 
Não fechou a porta nem pegou as malas. Partiu e não quis saber. Não se despediu nem tirou uma última foto. Não deu o último beijo nem deixou um bilhete de amor. Teve pressa demais. Não apagou as luzes nem arrumou a cama. Foi sem se preocupar e sem fazer barulho. Foi sem sorrir.
Era sábado e fazia sol. Primavera.
Flores brindavam a estação. Crianças soltavam pipas na rua e casais enamorados desfilavam agarrados nas próprias mãos.
Há quem diga que você queria ver o mar. Há quem diga que você queria me ver.
Partiu sem dizer pra onde e sem ter porquê. Levou sonhos, lembranças e sorrisos. Levou metade de mim e da torcida do Flamengo. Não disse quem errou.
Partiu sem explicar, sem reclamar e sem abraçar...mas fez chorar.
Pássaros deixaram de cantar, flores deixaram de brindar a primavera e o sol se escondeu - provavelmente pra não me ver chorar. O dia se fez cinza e a maré baixou.
Tristes anjos anunciaram com suas harpas a sua partida. As nuvens não dançaram.
Formigas pararam de andar para lá e para cá. Crianças pararam de brincar. Os peixes, naquele dia, não brincaram em seus cardumes na beira da praia. 
Tudo perdeu a cor por um instante.
Os bares ficaram vazios e seu time não quis jogar. 
O mundo parou e me ouviu chorar. Chorar até soluçar por saber que você não iria voltar.
O mundo parou e me ouviu gritar de medo, de saudade e desamor.
O mundo parou e ficou de luto comigo, respeitou a minha dor.
Você partiu sem olhar para trás. Sem fechar a porta e sem apagar a luz.
Partiu com a certeza de quem sabe que vai voltar. Certeza de quem sabe que 'vai ali e já volta'...
...mas, você partiu e não voltou...levou metade de mim e da torcida do Flamengo.

domingo, 18 de julho de 2010

Acordou. Mirou o relógio e voltou a dormir. Acordou de novo. acendeu um cigarro. Sentou na cama e pensou.
Pensou na vida, e em tudo que tinha feito dela até aquele momento. Em tudo que queria fazer dali pra frente. Pensou, pensou, pensou...pensou em levantar. Hesitou.
Chorou por não saber quem era nem o que queria. Chorou por sentir saudade. Por tudo que tinha vivido e por tudo que não sabia se teria oportunidade de viver. Chorou, chorou, chorou...pensou em levantar. Hesitou.
Apagou o cigarro. Mirou o relógio. Sua barriga clamava por comida. Sonhou com sorvetes, chocolates, churros e pães de mel. Queria ter acordado com café na cama. Sua barriga doeu, doeu, doeu...pensou em levantar. Hesitou.
Colocou um dos pés para fora da cama afim de se encorajar. Estava frio. Voltou o pé para o lugar de origem. Abriu o celular. Olhou todos os contatos da agenda, alguns ela já nem se lembrava mais. Olhou todas as mensagens. Sentiu falta de muitas pessoas que estavam ali. Sorriu por lembrar de alguns casos e acasos. Sorriu, sorriu, sorriu...pensou em levantar. Hesitou.
Lembrou que era domingo. Por consequencia começou a lembrar do trabalho. Da semana que estava para começar. Não queria que o dia acabasse. Começou a pensar num plano para mudar de emprego. Planejou, planejou, planejou...pensou em levantar. Hesitou.
O telefone tocou. Tocou, tocou, tocou...ela mirou o relógio. Lembrou que era domingo. Pensou em levantar. Hesitou.

sábado, 17 de julho de 2010

Sentou-se em frente ao mar e chorou. Chorou nas mãos em forma de conchas. Tudo que queria era que aquele mar trouxesse conchas novas para que não precisasse mais chorar nas próprias mãos.
Queria ter uma casa na árvore. Uma casa na árvore e um peixinho dourado.
Mentira.
Não queria porcaria nenhuma de casa na árvore, nem peixinho dourado. Só queria não sentir mais saudade. Queria não ter nada, nem coração!
Coração que bate, sangra, dói e chora...todas as vezes que ela chora nas mãos em forma de conchas.
O gosto amargo na boca a fazia ter vontade de acender mais um cigarro. Vontade de esquecer do mundo, da vida e das pessoas.
Mentira.
Na verdade não queria esquecer de nada nem de ninguém. Só queria motivo para acender mais um cigarro e enganar o coração.
Sentada em frente ao mar tirou a fotografia do bolso. Lembrou de toda felicidade que sentia naquele dia. Era tanta que nem mesmo o frio era capaz de gelar as mãos. O coração estava feliz. Tão feliz que aquecia seu corpo todo.
Flexionou os joelhos e os abraçou, bem ali, em frente ao mar. Abraçou na tentativa de achar que aquele abraço seria melhor do que o abraço que a deixava com saudade, dia após dia. Mas não funcionou.
Desistiu do abraço e do choro. Pensou em ligar para as amigas e tomar cerveja num lugar qualquer. Queria conhecer novas pessoas e sentir novos abraços.
Mentira.
Não conseguia desistir daquele abraço que a atormentava até nos sonhos.
Ergueu a cabeça. Jogou a foto no mar e pediu à Iemanjá que lhe enviasse novas conchas. Não queria mais chorar nas próprias mãos.
Jogou a foto. Jurou para si mesma que não lembraria mais daquele dia. Viu a foto molhar. Boiar e sumir. Com a certeza de que a sua lembrança também sumiria.
Mentira.
Só fez isso para sentir-se forte por um instante. No fundo sabia que tinha outras cópias daquela mesma foto.
Só não queria mais chorar nas próprias mãos...
O tempo passou e a flor perdeu o perfume
O dia passava devagar e nada parecia funcionar
A foto na estante a deixou com saudade
Pôs-se a chorar

O tic tac do relógio incomodava
Queria se libertar
Pegou a biblia
Mas não acreditava
Mesmo assim tentou orar

Se acalmou
O vazio na cama fazia doer
Levantou, almoçou e voltou
Voltou no tempo e lembrou dos tempos em que a paixão existia
Teve medo de perder
Pensou em onde teria errado, não sabia

O tempo passou e a flor perdeu o perfume
O dia passava devagar e nada parecia funcionar
A foto na estante a deixou com saudade
Pôs-se a chorar

Sabe o que eu amo?



Amo o jeito que te encontro dormindo no sofá na hora do almoço...e poder te acordar com um monte de beijos (mesmo que você reclame do meu nariz gelado).
Amo poder te apertar até doer as mãos e saber que você é só meu.
Amo quando você me deixa scrap e até quando briga comigo no msn dizendo que já era para eu estar dormindo.
Amo quando você volta mais cedo do trabalho e eu acordo com você ali, bem do meu ladinho.
Amo quando você sai da internet só pra ficar comigo e o jeito que deita comigo na sala pra assistir tv.
Amo quando você faz lanche na hora do almoço.
Amo viajar com você.
Amo o seu sorriso.
Amo quando quase me mata de tantas cócegas.
Amo quando você acende o narguile e toma cerveja comigo, mesmo sabendo que logo terá que sair para trabalhar.
Amo ficar no trabalho conversando com você através do e-mail.
Amo quando chama minhas pantufas de puffs.
Amo entrar no carro e ver que você colocou aquela música chata que eu fico ouvindo repetidamente.
Amo tirar fotos com você e depois ficar olhando quando você não está só pra sentir saudade de tudo que já passamos por aí.
Amo até quando você fica nervoso no trânsito.
Amo ouvir você dizer que me ama e que é pra sempre.
Amo andar de patins com você (mesmo que por muitas vezes você me assuste e finja que vai me derrubar).
Amo te ver assistindo jogo de futebol e amo ficar te abraçando e pedindo pra você 'apertar o botão azul' enquanto joga video game.
Amo ficar pulando feito criança pela casa nos dias de frio e te ver sorrir com isso.
Amo quando fala que sou a namorada mais linda do mundo.
Amo poder ser eu mesma, sem medo, todo o tempo.

Sabe o que eu amo?
...amo saber que me encontrei em você...e ter a certeza de que é isso que eu quero pra sempre...até ficar velhinha.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Era uma menina estranha. Calada e de pouco riso. Poupava as palavras até para falar com os próprios pais. Quando andava de carro, criança que era, sentava-se no banco de trás e com a pequena cabeça fincada entre o cinto do passageiro da frente e o banco - também da frente - ela abria a boca naquela frestinha de janela. Ia. Todo o tempo com a cabecinha naquele espacinho com a boca aberta brincando com o vento que dançava em suas bochechas. Havia quem acreditasse realmente que ela se alimentava de ar.

Era uma menina estranha. Olhos claros e franjinha na testa. Olhos claros e tristes. Não gostava de comer. Pouco brincava, e, dizia sua mãe, que era por preguiça de ter que guardar os brinquedos ao fim do dia ela. No fundo todos sabiam que aquela não era a verdade. Ela não brincava porque era diferente das outras crianças.

Era uma menina estranha. Por diversas vezes fora fitada pelos avós, inconformados, ao ve-la jogando banco imobiliário, sozinha. Sim, ela era todos os pinos ( e diz a lenda que ela sempre roubava para que o pino verde fosse o vencedor). Não tinha amigos, não gostava de ficar na rua. Apesar de tudo, sempre fora mimada.

Era uma menina estranha. De poucos sonhos. Poucas histórias pra contar. Poucas brincadeiras e poucos abraços. Não permitia, nem por decreto, que fosse fotografada; odiava. Ao contrário da maioria das crianças gostava de Mara Maravilha, não de Xuxa.

Era uma menina estranha, que gostava de livrinhos infantis. Um belo dia escolheu palavras aleatórias e resolveu escreve-las nas capas de TODOS os livros que tinha. Para a interrogação de todos, e, principalmente para a fúria de sua mãe ela cuidadosamente caligrafou em todas as capas "com ele saúda", até hoje ninguém, nem ela mesma, sabe o que quis dizer com isso.

Era uma menina estranha. Bem mais lenta que as crianças da sua idade. Bem mais sem graça. Bem mais tímida e recatada.

Com seu olhar triste passava mais tempo observando as cenas que aconteciam ao seu redor do que participando delas. Nunca quisera ser atriz principal.
Era uma menina estranha. Não gostava muito de doces, nem de desenho animado. Não sabia pular corda nem virar estrelinha. Fazia castelos de areia sozinha na beira da praia, sem fazer questão de companhia.

Era uma menina estranha. Não era carinhosa com ninguém além do avô. Passava todos os dias das férias escolares com ele no sítio fingindo (ou não) que se interessava por orquídeas e hortas. Não gostava de brincar no barro e tinha pavor de todos os bichos que apareciam.

Era uma menina estranha. Uma cinderela de all star. Sofria da sindrome do 'patinho feio'. Tinha medo do mundo e da vida, mas não imaginava o tamanho do coração que seu peito abrigava.

Era uma menina estranha. De olhos claros e tristes...
E ontem a caixa empoeirada de fotografias que estava escondida no fundo do guarda-roupas veio à tona.
Amareladas, amassadas e até com dedicatórias, lá estavam elas. Pena que desfocadas e borradas devido a última chuva-de-choro que caiu por aqui. Cuidadosamente estendi as fotos, uma a uma no varal-do-tempo-que-fica-bem-em-frente-minha-janela. E o vento soprou. Vento que bate, vento que sopra, vento que seca, vento que leva pra longe tudo que já não nos serve mais. Tudo que por vezes eu tive que jogar fora e optei por esconder no fundo do guarda-roupas ou embaixo da cama pura e simplesmente por não suportar a sensação de perda.
Recolhi as fotos que sobraram no varal-do-tempo-que-fica-bem-em-frente-minha-janela. Faltou coragem de me desfazer de uma ou duas que não deviam ter sobrado. Fraca que sou, guardei todas. Sabe como é né?! A gente nunca sabe quando pode precisar.
Elas voltaram pra dentro da caixa. A caixa voltou para o fundo do guarda-roupas. E as lembranças voltaram a ficar frescas na memória. E isso é que machuca...acho melhor preparar o guarda-chuvas. Sinto que outra chuva-de-choro vem por aí.
As pessoas boiam - e por vezes se afogam - em suas próprias faláceas. Passam por cima do sol, dos amigos e de quem (ou o que) estiver pelo caminho para conquistar o que lhes é aprazível. E seguem inertes. As cabeças cheias e cansadas já não cabem mais nos travesseiros de costume, começam a pesar e a crescer. As palpebras pesam à medida dos anos. As pessoas seguem pisando em seus chãos frios, em seus céus, em seus sóis, em seus amigos e em si mesmas. E se martirizam a cada novo segredo guardado na velha estante sustentada pela mais fina madeira de remorso. As pessoas passam a vida tentando ficar im(p)unes enquanto eu almejo apenas ficar imune a todas elas. E quando o remorso começa a se misturar com a madeira, as pessoas tentam travesseiros maiores que abracem suas cabeças cheias de culpa. E se aproximam - em vão - umas das outras em busca de perdão, em busca de uma palavra de consolo capaz de faze-las se sentirem boas, em busca de algo que as leve à salvação. E-seguem-cegas. À procura de seus gigantes travesseiros imaginários. E adoecem -sem saber, ou sem admitir - envenenadas por seus próprios segredos e suas próprias mentiras. Todo dia eu faço uma aposta. Enquanto as pessoas boiam e se afogam na piscina de mentiras que cultivam num lugar de destaque bem no meio de seus quintais. As cabeças começam a ficar grandes demais para as fôrmas dos travesseiros convencionais vendidos nas lojas. E pesam. Pesam a medida que o tempo passa. E quando estendo a mão a alguém é quase sempre um lapso. Cada aceno em direção ao outro é risco de queda livre, mais radical que asa delta ou paraquedas. E - mesmo assim - sempre aceno. E sempre despenco do alto, na maioria das vezes. Mas meu consolo é minha estante. Sustentada pela mais fina madeira de fé. E meu travesseiro tem exatamente o peso e a medida de minha cabeça: leve e compacto. E ainda assim, todo dia eu faço uma aposta. E todo dia eu perco.

Palavra do dia: Sorrir

Sorrir
Sentir - o amor
Partir - sempre que for preciso
Reagir - às quedas
Pedir - proteção
Mentir - para enganar o medo
Fingir - que o mundo é cor de rosa
Corrigir - os erros
Seguir - em frente
Medir - as palavras
Ir - para uma ilha deserta
Assistir - em pé a vitória dos amigos
Repelir - o mal
Invadir - o próprio subconsciente
Progredir - sempre
Ouvir - os pais
Subtrair - os sentimentos ruins
Inibir - a dor
Atingir - todas as metas
Sacudir - "...a poeira e dar a volta por cima..."
Dormir - e sonhar
Contribuir - para um mundo melhor
Concluir - tudo que começar
Adir - tudo que há de bom
Cuspir - na cara dos monstros internos
Sorrir, Refletir, Curtir, Retribuir, Prosseguir...
Sorrir, Sorrir, Inserir, Cumprir, Produzir...
Sorrir, Sorrir, Sorrir, Admitir, Repartir...
Sorrir, Sorrir, Sorrir, Sorrir, Divertir...
Sorrir, Sorrir, Sorrir, Sorrir, SORRIR...

quinta-feira, 15 de julho de 2010

...ei, qual é a sua?

A minha é assim, meio sem jeito
Mais rosa que azul
Esperançosa, feliz
Carente, criança
Medrosa.
A minha é assim, mais pra lá do que pra cá
Sedenta, misteriosa, gentil
Honesta, discreta
Chocólatra.
A minha é assim, sem quê nem porquê
Curiosa
Mais praia que campo
Mais queijo que vinho
Mais começo que fim
...qual é a sua?
A minha é assim, sambista
Fala o que pensa e sonha voar
Preguiçosa, mimada
Internauta
Maníaca por hidratantes corporais e torta de limão
Dorminhoca...

A minha pode ser tudo que eu quiser...e a sua? Qual é?

Reform(ul)ando...

Pintura descascada, telhas quebradas, janela sem trinco e fechaduras sem miolo...
Estou em obras. Tudo em mim desmorona lenta e homeopaticamente.
O controle remoto da tv já não atende mais ao comando dos dedos, calejados e cansados. Os pés ja não sentem a terra firme. O estômago chora os sonhos friamente embalados em sacos de lixo.
Para cada martelada, um olhar ao chão. Para cada olhar ao chão uma lágrima salgada. Para cada céu, um inferno à altura. E cada espelho reflete o monstro que lhe convém. Cada um com o seu, cada um na sua, cada cabeça com a sua sentença ou cada um no seu quadrado, tanto faz!
Canta a furadeira aparentemente feliz enquanto falo do que dói em controversa sinfonia. Meus medos me procuram sete vezes ao dia sem pestanejar. Quase sempre cedo. Quase sempre tardo. Meu ventre é uma caverna distante cheia de ecos do além e teias de aranha. A terra firme já não sente mais os pés cansados. Para cada lágrima, uma pá de aço, um prego ou uma nova telha. Para cada escavação, uma escora no lugar. Tudo isso acontecendo aqui dentro e tanto silêncio lá fora. Tomo cuidado para que o barulho não assuste quem está do outro lado.
Estou em obras. Tudo em mim desmorona lenta e homeopaticamente. O apresentador entrevista as pessoas em suas festas particulares enquanto posam para a revista Caras. Estarão elas em obras também? Como conseguem andar por aí impunemente? Como trocam de vestido enquanto sangram os sete dias da semana? Me divirto em frente à tv, com aquele mesmo controle velho que não obedece aos comandos dos dedos calejados e cansados. Imagino as pessoas e seus infernos particulares. Cada um no seu, cada um na sua, cada cabeça com a sua sentença, cada um no seu quadrado... Para cada um, um monstro com suas devidas cores e máscaras. E para cada sonho, o saco de lixo que lhe convém.
Como se não bastasse o frio, a chuva e a preguiça agora o vento de fora cismou em soprar aqui dentro. Revira as coisas em cima da estante e da mesa. Escancara portas e janelas. E me empurra. Pra fora. Pra longe daqui, pra perto daí. Seguro firme. Cravo as unhas nas árvores mais frondosas. Peço ajuda à um Deus que não sei bem. Sangro até fincar. Lá fora não é ambiente pra mim, tenho medo. Mas ele insiste, o fanfarrão. Sopra como se me fizesse um favor. Entoa canções, lembranças e lugares de ontem, dança na minha frente como quem não se preocupa. Mexe e remexe em cacarecos que ensaio me desfazer faz tempo. E nunca me desfaço. Nunca me satisfaço. E disfarço…enquanto o vento me empurra pra fora do mundo ou sei lá pra onde. Nada fica firme por muito tempo. Peço ajuda à um Deus que não sei bem. Finco até sangrar. Ficar é uma escolha que eu fiz faz tempo. Nada mais me cabe a não ser a minha casa. Casinha. Pequena. Caixinha em que me encolho. Me encaixo. Me recolho e me acho. Não entendo esse sopro todo, essa ventania que me invade. A paz já passou por aqui, já parou, já ficou…e já foi. Não segurei firme, nem finquei unhas, apenas sangrei. E deixei ir. O vento levou sei lá pra onde. O que mais quer levar embora de mim, seu vento vilão? Pra quê tanto bagunçar? Deixe o silêncio e a dor em cima da mesa. As coisas em cima da estante, se quiser, pode levar. Só me deixe a sós comigo, por mais algum tempo. Afinal, ainda me resto. Perto daqui e bem longe daí. E quando cismar de soprar aqui dentro de novo, pense duas vezes. E vá soprar em outro terreiro, faz favor.

Palavra do dia: Trocar

Trocar
Matar - tudo que há de mal
Sentar - e conversar
Voltar - atrás, quando valer a pena
Remar - contra a maré
Doar - a alma
Cantar - uma nova canção
Jogar - tudo pro alto
Levantar - a cabeça
Tentar - de novo
Pular ou pulsar - para uma nova etapa, com o coração
Arrumar - a caixa de pandora
Cuidar - daqueles que nos querem bem
Mandar - para longe tudo aquilo que faz doer
Andar - sem rumo
Viajar - pra São Thomé
Criar - vergonha na cara
Falar - tudo que estiver engasgado
Almoçar - com a família aos domingos
Tirar - a angústia que aperta o peito
Fotografar - os bons momentos
Enganar - o medo
Driblar - a solidão
Afastar - a dor
Pensar - no que faz bem
Amar, Brincar, Gostar, Mudar, Acreditar...
Amar, Amar, Dançar, Aceitar, Estar...
Amar, Amar, Amar, Conquistar, Lutar...
Amar, Amar, Amar, Amar, Orar...
Amar, Amar, Amar, Amar, AMAR...






Como eu quero...

Eu quero um mundo livre de todo o mal.
Um mundo cor de rosa onde crianças brinquem pelas ruas ao mesmo tempo que comem algodão doce e chocolate, sem que suas mães as obriguem a comer legumes no jantar.
Um mundo onde bolhas de sabão dancem pelo ar, sem sintonia ou ritmo.
Onde casais vivam juntos até o fim da vida sem que existam as tão faladas 'puladas de cerca'.
Onde tenhamos direito e acesso à educação, saúde e segurança.
Onde o negro abrace o branco, o japonês e o índio, sem que ninguém note ou comente as diferenças de melanina.
Onde jovens parem de reprimir e diluir seus pensamentos em míseros 140 caracteres.
Onde ninguém adoeça e a dor more bem longe.
Onde as pessoas não briguem.
Onde a cultura exale pelos poros do asfalto.
Onde todo dia seja dia de batata frita e patins no parque.
Onde a televisão vá além de notícias ruins.
Onde toque Chico 24 horas por dia, bem alto. Ou, quem preferir que ouça NX Zero...
Onde meninos e meninas deixem sim suas franjas grandes-e-lambidas escovadas para o lado direito (ou esquerdo?), mas não se espelhem em ídolos descartáveis para isso e não chorem pelos cantos - mesmo sem ter motivos - só para terem orgulho de se entitularem emos (demos?).
Onde todos possam sair do trabalho a hora que bem entenderem só pra fazer amor antes de continuar o expediente.
Onde a poesia grite pelos muros.
Onde a saudade não tenha motivo de ser ou estar.
Eu quero um mundo perfeito...onde não faltem flores nos jardins nem confetes nos carnavais...

quarta-feira, 14 de julho de 2010

All you need is love

Ele: Alto, magro, branco. Óculos que escondiam seus belos olhos verdes porém míopes.

Ela: Baixa, dona de um tom de pele moreno meio desbotado. Tatuagens que roubavam olhares nas ruas e escondiam seus belos olhos tristes.

Ele: Jogador assíduo de RPG. Estudante de história. Quieto e tímido.

Ela: Baladeira assumida. Recentemente largara pela terceira vez os estudos. Destemida e desbocada.

Ele: Educado, romântico, cortez. De origens incrivelmente humildes e honestas.

Ela: Folgada, mandona e mimada. Filha de grandes e importantes nomes.


Ambos: amantes de Beatles.


Lugar: Centro de São Paulo.

Quando: Num domingo de céu cinzento e raros raios de sol.


Entre uma vitrine e outra da tão famosa galeria do rock os olhares se cruzam mas não se enxergam.

Ela: Entra numa loja de discos em busca de um vinil raro de sua banda favorita. Dinheiro não era problema.

Ele: Sem querer encontra um vinil raro de sua banda favorita perdido numa prateleira qualquer, pega o disco sem pestanejar.


Ao mirar o disco nas mãos do rapaz ela se aproxima e tenta convence-lo à vender-lhe, afinal, já havia se informado sobre a inexistência de outros exemplares na loja.

Ele recusa.

Ela insiste.


Inconformada com a negação ela sai da loja, por alguns trocados encontra um pivete disposto a executar o trabalho sujo.

Ele sai da loja e vai para o ponto de ônibus afim de pegar o ônibus que o deixaria em casa. No meio do caminho a surpresa.

O pivete veio. Antes que ele entendesse ou dissesse qualquer coisa levou uma facada que a principio não parecia grave.


Missão cumprida. Dinheiro no bolso.


Feliz da vida ela pega o disco com as mais belas canções de John Lennon e sua trupe. Entra no carro conversível e parte, rumo a sua casa.

No caminho a surpresa.

Uma ambulância perde o rumo e bate de frente com seu carro - dizem as más línguas que a ambulância estava indo atender ao chamado de um menino esfaqueado em frente a galeria.


Ele: foi enterrado na manhã seguinte. Amigos. Parentes.

Ela: foi velada na sala ao lado. Amigos. Parentes.

Até hoje ninguém aceita a partida de dois jovens tão de repente e não entendem o que foi que aconteceu. Mas todos sorriem ao lembrar do momento em que "All you need is love" soou ao mesmo tempo de dentro das duas salas.
Tudo no mundo gira em torno das escolhas que fazemos. E, infelizmente, escolher sempre é sinônimo de abrir mão de algo.



Escolher uma camisa azul pela manhã significa abrir mão da amarela. Escolher comer alface é abrir mão do chocolate. Escolher andar de bicicleta é abrir mão dos patins. Escolher namorar é abrir mão da tão badalada vida de solteiro. Escolher ter um blog é abrir mão de um diário manual, daqueles lindos e coloridos que anos depois podemos dar para nossos filhos folhearem.



São tantas escolhas diárias que nem nos damos conta das coisas que acabamos deixando para trás. Normalmente não temos muito problemas em escolher isso ou aquilo...de certa forma a escolha até nos parece fácil.



A dor só vem quando dependemos da escolha de terceiros.

Dói não ser escolhido.

Dói ver o cara da agência de emprego escolher alguém pra vaga que você tanto queria. Dói não ser escolhido pra namorar com aquela garota que você paquera desde o ensino médio. Dói quando a sua banda não é escolhida para tocar no festival, ou quando você não passa naquele teste de teatro.



A escolha vinda do lado de lá sempre nos deixa assim...meio aflitos, angustiados e esperançosos ao mesmo tempo. O problema é quando a carta não chega, quando o e-mail não pisca na tela, quando a campainha não faz nem sinal de barulho...



...hoje o meu telefone não tocou...

Se fosse só sentir saudade...

...mas tem sempre algo mais...



Saudade sempre foi saudade.

O mesmo aperto no peito que nos tira o sono e a calma. Aquela vontade de chorar sem motivo aparente e sem hora para acabar.

Saudade é sempre assim...em qualquer lugar do mundo!!!!É assim dentro do coração de uma criança de 7 anos, ou dentro do peito surrado e cansado da vida de um velhinho de 102. Tanto faz.

Pra sentir saudade não tem idade, lugar, sexo nem nenhum outro tipo de pré-requisito. Basta estar vivo.



Tem gente que sente saudade da infância...das brincadeiras na rua e dos domingos no parque.

Tem gente que sente saudade de alguém que se foi...aquele amigo que partiu antes da hora, um avô ou irmão.

Tem gente que sente saudade do ex que terminou sem explicar e nunca mais mandou notícias...

...ou daquela melhor amiga que foi fazer intercâmbio na Suiça e também esqueceu de voltar pra casa.

Tem gente que sente saudade de tempos bons em que a turma era mais unida, ou que os pais eram mais presentes.

Mas, a pior das saudades é aquela que atormenta uma minoria (eu acho). Pessoas que sentem saudades de ser aquilo que elas poderiam ter sido mas nunca foram...por medo de tentar.



Saudade com gosto de dúvida que destrói o coração. Te coloca em paranóia tentando descobrir se o final teria sido feliz se estivesse hoje com o Antônio e não com José.

...se tivesse aceitado aquela incrível proposta de emprego...

...se tivesse fugido pro México quando descobriu que não tinha passado no vestibular...

...se tivesse aceitado o filho gay ou a filha grávida...

...se tivesse comprado uma bicicleta ao invés de casar, ou se tivesse plantado Girassóis no lugar das Margaridas.



Dúvidas que nos fazem matutar por horas, dias, anos...as vezes até pela vida toda.



Últimamente estou meio assim. Sentindo uma saudade nostalgica de muita coisa que vivi. Mas, sentindo também uma saudade covarde de tudo aquilo que passou batido, que foi trocado ou não aceito por comodismo, medo ou qualquer outro motivo banal.

Mas, tudo bem...talvez, se voltasse no tempo, eu faria tudo exatamente igual e hoje estaria aqui dessa mesma forma, com essa mesma saudade e esse mesmo gosto na boca, sem saber se é doce ou salgado.

No final das contas o que me sobra é o medo por estar sentindo isso já aos 24 anos sem saber se essa saudade inconsequente vai me atormentar pelo resto dos dias...
O importante é que 'daqui pra frente tudo vai ser diferente'. Não quero mais a saudade do ontem regada da dúvida do não saber, a partir de hoje declaro que essa saudade está condenada a viver na caixa escondida no fundo do armário.