quarta-feira, 21 de julho de 2010

De repente se fez noite dentro de mim.
O medo, a saudade, a dor, a chuva molhada que sai dos olhos e do coração lava o rosto e a calçada.
As vozes que ouço já não se entendem mais. Brigam entre si todo o tempo e isso me deixa louca. Músicas, textos, fotografias. Nada mais faz sentido, nada traz inspiração ou lembranças.
Lembranças de um passado que parece não existir. De pessoas que já não me lembro em lugares que não sei se estive.
Tudo perdeu o foco e a cor. Já não enxergo mais. A imagem no espelho não me passa familiaridade. Não lembro meu nome.
Um monstro azul, amarelo e cinza passa por mim. Mas, com agilidade me escondo atrás da porta. Ufa! Ele não me viu.
Sento no chão e choro. Choro por não saber. Choro por não querer e principalmente por sentir saudades de algo que não me lembro.
O monstro volta. Dessa vez ele me viu. "Não me morde, não me morde". Ele está cheirando minhas pernas. "Vou fingir de estátua". Ele tenta me empurrar. Faz barulhos estranhos. Se aproxima. Abre a boca. E lá se vai parte do meu braço.
Agora choro mais do que nunca. Misto de tristeza e dor.
De repente se fez noite dentro de mim.
"Seu monstro, por favor, da próxima vez vê se me leva o coração".

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