quinta-feira, 26 de maio de 2011

Procura-se...

Ultimamente tudo que tem acontecido em mim tem acontecido dentro do meu estômago...isso mesmo ESTÔMAGO! Tem dia que ele inverna, tem que dia que exala suores! Tem dia que as tão famosas 'borboletas no estômago' não me deixam dormir, ou acordar. Dentro do meu estômago, bem no fundo, está escondida a minha vergonha em ser quem sou, o meu medo da morte ou de simplesmente cortar o dedo, a minha vaidade de brinquedo, meus sonhos de papelão embalados um à um carinhosamente, o frisson que sinto entre as pernas, o meu desistir diário, as minhas causas perdidas - ou raramente ganhas - e tudo o que ainda não escrevi por falta de coragem, palavras, sensibilidade ou qualquer outro motivo! Tenho vivido dias tumultuados…não lá fora mas aqui dentro! Não sei o que quero nem o que me desespera…ou espera! Não estou conseguindo decifrar as dores, os suores nem a angústia que maltrata meu estômago! Às vezes parece que tudo dói…às vezes parece que tá tudo bem! E, às vezes, só parece…e desaparece, assim, sem mais nem menos! Hoje eu desapareci de mim e estou me procurando por aí! Se alguém, por vias opostas, me encontrar encolhida num canto de bar…me dê noticias de mim…me pegue no colo, me afague, me pague uma cerveja, me conte como eu era, me faça sorrir e depois me mostre o caminho de volta…de volta à superfície…de volta pra casa…me traga de volta pra dentro de mim…porque eu faço uma falta danada aqui dentro…e eu não sei viver sem todas as partes de mim juntas…mesmo que despedaçadas!

domingo, 22 de maio de 2011

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Na ponta da língua estava mais do que a vontade de falar. Mais do que a vontade incrontrolada de apreciar um bom vinho. Mais do que um discurso pronto e convincente. Mais do que a letra da música que não cançava de se repetir na mente...

Na cabeça estavam mais do que cálculos. Mais que racionalidade. Mais que argamassa....digo, cérebro. Mais que razão. Mais que verdade ou realidade.

Nas veias estava mais que sangue quente, corrente e pulsante...

No coração estava mais do que amor. Mais que batidas desnorteadas. Mais que sentimentos ou energia.

Nos dedos? Mais, muito mais que um anel...

Na lembrança mais do que bons momentos. Mais que saudade. Mais que tristezas ou alegrias.

E dentro, lá dentro...bem no fundo...mais, muito mais do que a ausência, medo, vazio, incerteza, insegurança, mais que tudo. Ao mesmo tempo...nada. O vento soprava, batia e ecoava, lá dentro...ecoava a incerteza de não saber se continuava a soprar ou se desistia de alguém tão cheio e vazio de si....

Diante da incerteza do vento pôs-se a chorar. Pobre menina incapaz de viver simplesmente por não saber quem era ou o quanto podia oferecer ao mundo. Pobre menina incapaz de se auto avaliar ou de simplesmente se rebelar. Pobre menina perdida entre mundos e fundos, afogada num abismo que criara. Pobre menina capaz de viver e morrer sem nem mesmo saber o porque. Pobre menina, incompreendida.
Pobre menina...sonhara provar ao vento que valia a pena soprar ali dentro.

domingo, 15 de maio de 2011

Procura-se método para controlar o medo de perder aquilo que não se tem...
Medo que encolhe a alma e faz o coração parar de bater. O que fazer quando o sangue não tem mais pressa de correr?
Medo de pensar em seus braços com outros braços, trocando abraços e criando laços. Pensando em traços de um mesmo caminho para trilhar. Sonhando no mesmo travesseiro e dividindo a mesma xícara de café ao amanhecer.
O mundo perdeu a cor e os pássaros já não cantam mais. O fogo que esquentava hoje me queima as mãos.
Medo de perder o sentimento mais bonito que tanto guardei.
Medo de não sentir mais os meus braços nos seus braços, nem ganhar abraços, perder os laços...

terça-feira, 10 de maio de 2011

Chcę zniknie
Os dias passam iguais, mas o medo não.

Modinhas do medo


Medo I


O medo não aquieta nem deixa dormir, perturba. Todas as noites a mesma ladainha. Fico sasaricando pelos cantos, reviro caixas e gavetas com a esperança de encontrar o sono escondido num buraco qualquer. Mas ele foge - mais do que criança foge de banho.


"Durma medo meu". Canto. Sento, levanto, deito e viro para todos os lados.

Ao longe ouço um barulho. O corpo ferve, coração dispara, pego o telefone, me encolho na cama, fecho os olhos e me imagino numa bolha imaginária.

"Se eles entrarem não vão me ver aqui". O barulho não se repete. Deixo o telefone ao lado do travesseiro, continuo deitada mas já posso dispensar a bolha imaginária. Fecho os olhos tentando arrumar outro alvo para os pensamentos, de preferencia alvos bons...músicas, doces, viagens, planos. Penso em tudo e em todos, ao mesmo tempo em que mantenho os ouvidos bem atentos para qualquer barulho suspeito.

O corpo cansado começa a pesar sobre a cama. Aos poucos todos os sentidos vão se desligando, até que durmo, com medo.


Medo II



Acordo, levanto, me visto rapidamente, escovo os dentes. Saio. Paro em frente ao portão e tento ver a rua. Olho cuidadosamente para os dois lados antes de pegar a chave. Atento os ouvidos para qualquer barulho distinto. Saio. Ando pelas ruas com a bolsa pressionada embaixo do braço e os olhos saltitando atentamente por todos os lados.

O celular toca. Não atendo mas discretamente aperto um botão qualquer para que ele não fique tocando alto. Afinal, ninguém precisa saber que estou carregando um valioso celular.


Medo III



Uma amiga me chama pra sair. O bom e velho encontro no boteco da sexta feira, porque não?!

Arrumo a casa, arrumo as coisas, me arrumo. O tempo passa.

Hora de sair. Está escuro lá fora. O medo me pega de jeito e não se deixa vencer.

Quer saber? Eu nem queria ir mesmo...


Medo IV



Domingo a tarde. Dia de sol e de parque. Dia de amigos e namorado. Passeios.

Carro parado no farol. O menino se aproxima com o papel nas mãos, acho que está vindo em minha direção. Será mesmo apenas um folheto publicitário? E se ele erguer a camisa e sacar uma arma. Não. Melhor não abrir o vidro.

Me desculpe pobre garoto mas não quero seu folheto.

Finjo estar dormindo e ele passa. Entrega o folheto no carro ao lado e volta para calçada.


Medo V


Chega a hora de trabalhar, saio correndo antes que o medo me pegue pelo braço. Passos largos e queixo erguido, com ar de confiança para que todos notem. O toc toc do salto pelas calçadas parece ecoar o bairro todo.
Ando firme, dessa vez ele não vai ser mais forte.

Ao longe avisto um homem. Olho para os lados. Estou sozinha. Finjo falar no celular para que ele pense duas vezes caso esteja pretendendo me abordar. Vou me aproximando. Aproximando. Aproximando...
O toc toc começa a ficar fraco, as pernas não respondem mais. O coração dispara e as mãos que seguravam o celular começam a tremer incontrolavelmente. O ar parece escasso.
Sinto meu rosto frio e pálido, de repente o homem se aproxima. Tudo escurece a meu redor.

Acordo deitada na minha cama e ouço na cozinha alguém dizendo que um bom homem que passava pela rua me trouxe para casa.


****

Os dias passam iguais mas o medo não...
...e de repente a porta se abriu. Ventou dentro de mim...
Um vento frio capaz de cortar a carne arrebatou tudo que viu pela frente. Me escondi. Chorei baixinho para que ele não me visse aqui.
De longe apreciei a devastação de tudo aquilo que um dia quis pra mim. Sorri por estar viva.
A casa não tem mais paredes, telhado, porta nem janela. Era um vento frio capaz de cortar a carne. Arrebatou tudo que viu pela frente.
Saiu sem fechar o portão e me deixou aqui. Escondida. Chorando baixinho, fingiu que não me viu.
A caixa de pandora guardada no fundo do guarda-roupa ficou ali, exposta, para quem quisesse ver. Todo meu medo, toda minha dor. Todas as lembranças de uma vida. Estava tudo ali...jogado sobre as telhas, para quem quisesse ver.
Como já era de se esperar meu coração também estava ali, junto à caixa, batendo baixinho, exposto para quem quisesse ver. Sem medo ou vergonha. Ficou claro, já não era mais meu.
Foi o vento que bateu...e levou...sem olhar para trás, sem pensar em mim, sem sequer me desafiar...
...e de repente a porta se abriu. Ventou dentro de mim...
Fiquei sem casa, sem caixa e sem coração...mas fiquei aqui, nesse cantinho, chorando baixinho...ainda bem que ele não me viu...
...não vale a pena sangrar por sangrar...