Os dias passam iguais, mas o medo não.
Modinhas do medo
Medo I
O medo não aquieta nem deixa dormir, perturba. Todas as noites a mesma ladainha. Fico sasaricando pelos cantos, reviro caixas e gavetas com a esperança de encontrar o sono escondido num buraco qualquer. Mas ele foge - mais do que criança foge de banho.
Medo II
Acordo, levanto, me visto rapidamente, escovo os dentes. Saio. Paro em frente ao portão e tento ver a rua. Olho cuidadosamente para os dois lados antes de pegar a chave. Atento os ouvidos para qualquer barulho distinto. Saio. Ando pelas ruas com a bolsa pressionada embaixo do braço e os olhos saltitando atentamente por todos os lados.
O celular toca. Não atendo mas discretamente aperto um botão qualquer para que ele não fique tocando alto. Afinal, ninguém precisa saber que estou carregando um valioso celular.
Medo III
Uma amiga me chama pra sair. O bom e velho encontro no boteco da sexta feira, porque não?!
Arrumo a casa, arrumo as coisas, me arrumo. O tempo passa.
Hora de sair. Está escuro lá fora. O medo me pega de jeito e não se deixa vencer.
Quer saber? Eu nem queria ir mesmo...
Medo IV
Medo V
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Os dias passam iguais mas o medo não...
Chega a hora de trabalhar, saio correndo antes que o medo me pegue pelo braço. Passos largos e queixo erguido, com ar de confiança para que todos notem. O toc toc do salto pelas calçadas parece ecoar o bairro todo.
Ando firme, dessa vez ele não vai ser mais forte.
Ao longe avisto um homem. Olho para os lados. Estou sozinha. Finjo falar no celular para que ele pense duas vezes caso esteja pretendendo me abordar. Vou me aproximando. Aproximando. Aproximando...
O toc toc começa a ficar fraco, as pernas não respondem mais. O coração dispara e as mãos que seguravam o celular começam a tremer incontrolavelmente. O ar parece escasso.
Sinto meu rosto frio e pálido, de repente o homem se aproxima. Tudo escurece a meu redor.
Acordo deitada na minha cama e ouço na cozinha alguém dizendo que um bom homem que passava pela rua me trouxe para casa.
Ando firme, dessa vez ele não vai ser mais forte.
Ao longe avisto um homem. Olho para os lados. Estou sozinha. Finjo falar no celular para que ele pense duas vezes caso esteja pretendendo me abordar. Vou me aproximando. Aproximando. Aproximando...
O toc toc começa a ficar fraco, as pernas não respondem mais. O coração dispara e as mãos que seguravam o celular começam a tremer incontrolavelmente. O ar parece escasso.
Sinto meu rosto frio e pálido, de repente o homem se aproxima. Tudo escurece a meu redor.
Acordo deitada na minha cama e ouço na cozinha alguém dizendo que um bom homem que passava pela rua me trouxe para casa.
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Os dias passam iguais mas o medo não...
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