terça-feira, 10 de maio de 2011

...e de repente a porta se abriu. Ventou dentro de mim...
Um vento frio capaz de cortar a carne arrebatou tudo que viu pela frente. Me escondi. Chorei baixinho para que ele não me visse aqui.
De longe apreciei a devastação de tudo aquilo que um dia quis pra mim. Sorri por estar viva.
A casa não tem mais paredes, telhado, porta nem janela. Era um vento frio capaz de cortar a carne. Arrebatou tudo que viu pela frente.
Saiu sem fechar o portão e me deixou aqui. Escondida. Chorando baixinho, fingiu que não me viu.
A caixa de pandora guardada no fundo do guarda-roupa ficou ali, exposta, para quem quisesse ver. Todo meu medo, toda minha dor. Todas as lembranças de uma vida. Estava tudo ali...jogado sobre as telhas, para quem quisesse ver.
Como já era de se esperar meu coração também estava ali, junto à caixa, batendo baixinho, exposto para quem quisesse ver. Sem medo ou vergonha. Ficou claro, já não era mais meu.
Foi o vento que bateu...e levou...sem olhar para trás, sem pensar em mim, sem sequer me desafiar...
...e de repente a porta se abriu. Ventou dentro de mim...
Fiquei sem casa, sem caixa e sem coração...mas fiquei aqui, nesse cantinho, chorando baixinho...ainda bem que ele não me viu...

Nenhum comentário:

Postar um comentário