quinta-feira, 16 de setembro de 2010

É amor...

...o cheiro amargo das amendoas a fazia lembrar do amor contrariado...
Se dispusera a fazer verão só para ve-lo sorrir...
Pintou mundos, fundos e uma história de amor - só sua - dentro da própria mente. E acreditava que pudesse ser real.
Quisera passar o terno abarrotado para que ele voltasse a usar...
Assim como quisera varrer a varanda, regar o jardim, plantar violetas e jasmins...
Era amor, ela jurava para si.
Poderia passar dias e noites, mesmo que com chuva, parada num mesmo lugar sem nem mesmo respirar...desde que pudesse ve-lo, mesmo que distante.
Convenceria pássaros à acorda-lo todas as manhãs, fazendo o despertador perder na cômoda o lugar para um belo porta retrato.
Iventaria músicas, melodias, poesias...faria inverno qdo o frio fizesse falta.
Se dispusera a costurar as meias de lã, retornar ao divã, comprar camisetas de todos os times de futebol.
Era amor, ela jurava para si.
Quisera espera-lo na copa todas as manhãs, com waffles e bolo de fubá.
Quisera ao menos uma vez apoiar sua cabeça naqueles ombros tão amados. Queria senti-lo protetor.
Se dispusera a tornar real. Fazer e acontecer.
Mas, antes que começasse seu discurso decorado ou que mostrasse seu poder de trazer chuva e sol tinha que criar coragem e bater naquela porta. Porta do seu futuro lar.
Vestiu seu melhor sorriso. Encheu-se de valentia, ventania e poesia...
A campainha tocou...
E seu melhor sorriso num instante tornou-se seu pior pano de chão.
"- Meu marido saiu para trabalhar, mas posso te ajudar em algo?" Disse a simpática moça que a atendeu.
O sangue voltou a irrigar a carne, como se nada tivesse acontecido.
Correu de volta para casa. Enquanto o coração parecia simplesmente não bater.
Provou a si mesma que era capaz de fazer verão só para ve-lo sorrir. Deitou na varanda varrida e sob o brilho dos planetas tentou se convencer de que seria capaz até de faze-los mudarem de lugar.
É amor...jurava e chorava...

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