sexta-feira, 22 de junho de 2012

Acordara no meio da noite por causa de um sonho ruim...
Cabeça girando, mãos trêmulas, um aperto no coração sem motivo aparente.
Calçou o belo par de chinelos cor de rosa. Vestiu uma velha blusa de lã que ganhara da avó há muitos e muitos anos. Saiu.
Saiu sem destino certo, mas saiu sem medo. Abriu o portão e sentiu o vento bater.
Por um instante parou de tremer, estufou o peito e sentiu coragem. A noite já não inspirava angústia. Andou.
Andou sem saber pra onde, sorriu sem saber pra quem. Pensou na vida, traçou rumos, metas e retas. Sentiu-se forte, como nunca antes.
Cumprimentava estranhos e árvores (que cá entre nós não tinham muitas diferenças).
Viajou no tempo, lembrou de quando era criança e feliz. O coração acelerou de alegria ao recordar tantas coisas boas. Há tempos não o sentia pulsar daquele jeito.
Sentiu-se forte, como nunca antes.
Sentiu-se viva. Acreditou que tudo podia mudar, que o mundo não ia acabar e que nada mais estava perdido.
Sentiu o vento bater. Abriu o portão.
Tirou os chinelos e a tão estimada blusa de lã. Voltou a realidade.
As mãos novamente trêmulas e a cabeça girando fizeram-na voltar para cama.
O coração já não estava mais acelerado, e ela já não sentia-se forte, nem viva.
Dormiu. Acordou no dia seguinte com a triste lembrança de uma noite feliz.
Alertou-se...o mesmo vento que empurra o balão derruba a árvore. A mesma água que lava as mãos afoga a criança. E a mesma faca que descasca as batatas que tanto gosta é capaz de cortar seus próprios pulsos.
Que diferença faz?

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